quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Comércio e Serviços amenizam perdas na economia gaúcha

Hoje compareci ao tradicional almoço de final de ano de mais uma Federação em Porto Alegre, a Federasul - Federação das Associações Comerciais e de Serviços do Estado do Rio Grande do Sul. O presidente Ricardo Russowsky salientou que o setor tem amenizado as perdas da economia e a  educação e inovação são pilares importantes para o crescimento sustentável do Estado. Os números apresentados pelo economista André Azevedo não foram muito animadores. O RS ficou na lanterna, segundo o IBGE, no levantamento do PIB entre todos os estados brasileiros. E as previsões para 2013 são incertas. Confira o release:
 
Ao fazer um balanço do desempenho da economia em 2012, o presidente da Federasul, Ricardo Russowsky, afirmou que apesar do quadro desfavorável para o Rio Grande do Sul, o setor de serviços e, especialmente, o comércio tem evitado um desempenho ainda pior. Com base na retrospectiva elaborada pelo economista da Federasul, André Azevedo, ele mostrou que o Rio Grande do Sul é o estado brasileiro que apresentou o menor crescimento na última década, entre 2002 e 2010.

Enquanto o crescimento do Brasil foi, em média, 4% anualmente, o Estado cresceu apenas 2,8% ao ano. Russowsky salientou que se apenas tivesse mantido a sua participação no PIB brasileiro (crescendo a mesma taxa do país), o Estado teria produzido R$ 22 bilhões a mais em 2010. O cenário fica ainda pior se forem considerados os últimos dois anos (2011-2012), já que o crescimento médio gaúcho foi de apenas 2,5% ao ano.

“Estamos crescendo menos não só que o País, mas menos do que o mundo. Nessa última década, a economia global expandiu-se 3,5% em média ao ano. Portanto, continuamos perdendo espaço no cenário nacional e internacional”. A boa notícia vem do setor de serviços. Em 2012, enquanto a economia gaúcha deve encolher cerca de 2%, o setor de comércio deverá registrar uma expansão de 8%. O comércio gaúcho também apresenta evolução acima da média nacional, crescendo 8,1% no acumulado dos últimos 12 meses, até outubro. Nesse mesmo período, o volume de vendas do País aumentou 7,6%.  

O desempenho de setores que dependem da renda e do emprego, como os bens de consumo não duráveis, tem se mostrado melhor no período recente. Alimentos, bebidas e fumo já estão acima do pico de vendas anterior, registrado em fevereiro de 2011. Nos últimos 12 meses, as vendas do setor elevaram-se em 14% no Estado, acima da média nacional, de 8,1%, e quase o dobro em relação a fevereiro de 2011. Já os bens de consumo duráveis, que dependem mais do crédito, estão mostrando uma recuperação mais lenta, resultado da própria desaceleração do crescimento do crédito.

Apesar do alento trazido pelo setor de serviços, Russowsky enfatizou que é preciso tomar providências para evitar que o Estado continue a perder espaço no cenário nacional. “Não podemos ficar dependendo de um clima ameno, de uma taxa de câmbio desvalorizada e das benesses do governo federal”. Ele acrescentou que é preciso agir para estimular novos investimentos, especialmente em setores intensivos em tecnologia, mais propensos à inovação e, portanto, capazes de gerar um ciclo virtuoso e sustentável de desenvolvimento.

EDUCAÇÃO

É nesse aspecto que Russowsky reforçou a posição adotada desde que assumiu a presidência da Federasul elegendo a educação e a inovação como pilares importantes para o crescimento do Estado. Ele alertou, por exemplo, que o Brasil investe pouco em P&D, apenas 1,16% do PIB em 2012, enquanto a maioria dos países desenvolvidos e emergentes investe acima de 2% do PIB.

O presidente da Federasul lembrou ainda que o Brasil apresenta uma das menores médias de anos de escolaridade entre os países emergentes, chegando a apenas 7,2 anos em 2010. Nos Estados Unidos a média é de 12,4 anos, na Argentina fica em 9,3 anos e no Chile é de 9,7 anos. Além disso, a qualidade da educação deixa a desejar e o País, em 2009, ocupava a 53ª posição entre 65 países analisados no PISA – teste que mede conhecimento e qualificação de alunos de 15 anos.

A escassez de investimentos tem como consequência, entre outros fatores, um baixo número de pedidos de patentes, um dos limitadores da expansão da produtividade da economia. Para compensar essas carências, Russowsky considerou que é preciso adotar uma estratégia ativa, compensando a escassez de investimentos públicos estaduais em educação, infraestrutura e etc. com investimentos privados por meio de parcerias, utilizando os poucos recursos disponíveis para estimular setores-chave da nova economia (intensivos em tecnologia).

Indústria Gaúcha se recupera (um pouco) da crise de 2012

O ano de 2012 para a atividade industrial gaúcha foi um dos piores da década. O PIB do setor foi negativo. A pequena recuperação acontece quase no final do ano, quando no último trimestre, o segmento atinge o maior nível do pós-crise. Conforme a FIERGS, Federação da Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul, o desempenho do setor cresceu 2,1% em outubro. Vejam o comunicado:

Porto Alegre, 19 de dezembro de 2012 – A atividade industrial gaúcha de outubro mostra que o processo de recuperação do setor voltou a crescer com força. O avanço de 2,1% em comparação com o mês de setembro, na série livre de influências sazonais, alcançou o maior nível do pós-crise. “O sincronismo e o vigor dos indicadores associados à produção confirmam a recuperação em curso. A combinação dos estímulos governamentais e do ajustamento dos estoques sustenta esse prognóstico positivo”, avaliou o presidente da Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul, Heitor José Müller, nesta quarta-feira (19).

Com exceção do emprego, que recuou em outubro pela nona vez seguida e fechou negativo em 0,3%, todas as demais variáveis do Índice de Desempenho Industrial do Estado (IDI-RS), elaborado pela FIERGS, apresentaram expansão: faturamento (4%), compras (2,8%), massa salarial (2,7%), horas trabalhadas (1,4%) e utilização da capacidade instalada (0,3%). “Os problemas estruturais, que determinam a falta de competitividade da indústria, impedem um crescimento mais forte, num quadro em que há pouca folga no mercado de trabalho e o cenário externo segue desfavorável às exportações”, alertou o presidente da FIERGS.

Esse resultado ajudou o IDI-RS a atingir a estabilidade no acumulado do ano (janeiro a outubro), em relação ao mesmo período de 2011, anulando as fortes quedas verificadas no primeiro semestre. A tendência positiva deverá levar o indicador a um leve crescimento no final de 2012. Dos 16 setores industriais pesquisados, os que mais evoluíram foram móveis (6,8%), máquinas e equipamentos (5%) e produto de metal (1,2%). As maiores desacelerações vieram de metalurgia básica (-7,6%), couros e calçados (-2,5%) e veículos automotores (-1,8%).