terça-feira, 29 de dezembro de 2015

Setor de tecnologia da informação e comunicação enxerga oportunidades na crise

O balanço de 2015 para o setor brasileiro de tecnologia da informação e comunicação pode ser dividido em duas etapas, avaliou hoje (28) o vice-presidente de Comunicação e Marketing da Federação das Associações das Empresas Brasileiras de Tecnologia da Informação (Assespro Nacional), Gerino Xavier. “O primeiro semestre foi bom. Todas as empresas ficaram com seus indicadores em um patamar confortável. No segundo semestre, começou o sentimento da crise que, eu acho, é até muito mais grave que a própria crise”, avaliou.

Segundo o vice-presidente da Assespro Nacional, no segundo semestre de 2015, os indicadores das empresas brasileiras de tecnologia da informação e comunicação passaram por um período de maior observação. “O fato é que o sentimento de crise atrapalhou alguns negócios de algumas empresas”. A crise em si afetou de forma mais direta as companhias que trabalham com o setor público. “Tem estados que estão sem pagar seus fornecedores há alguns meses”.

Xavier observou, porém, que a crise apresenta, por outro lado, um aspecto bom. Como a tecnologia é transversal aos vários setores da economia, crises sempre acabam trazendo oportunidades. “Crise precisa de mais controle, de racionalizar custos, precisa aumentar a produtividade e isso só se torna exponencial com o uso de tecnologias”. Para Xavier, o lado ruim disso é que o ciclo de vendas aumenta e a dificuldade  para se vender é muito maior.

Além do setor de compras públicas, o vice-presidente da Assespro Nacional citou a construção civil e petróleo e gás entre os setores mais prejudicados pela crise na área de tecnologia da informação e comunicação. O setor da construção civil devido à paralisação das obras públicas associadas ao escândalo decorrente da Operação Lava Jato, já o setor de petróleo e gás, não só pela queda de preço no mercado internacional, mas também pela crise em torno da Petrobras.

Para Xavier, a tecnologia da informação e comunicação é indutora do crescimento econômico. “Essa é uma afirmação de caráter global”, destacou. Isso significa que para qualquer país crescer, ele precisa usar tecnologias modernas e inovadoras. Xavier lembrou que os países da América Latina que têm feito grandes investimentos no setor para melhorar a qualificação de sua mão de obra, para ampliar as exportações e tornar as empresas mais eficientes e competitivas apresentam resultados melhores que os do Brasil, que adotou medidas que foram na “contramão” dos avanços. Mencionou que a desoneração da folha, por exemplo, tornou o Brasil menos competitivo que seus vizinhos no continente. “Isso afeta a cadeia produtiva toda e leva um tempo para a gente se estabilizar”.

Ano de reflexão

Para o presidente da Associação das Empresas Brasileiras de Tecnologia da Informação Regional Rio de Janeiro (Assespro-RJ), Márcio Lacs, o ano de 2015 foi um ano “de reflexão” para o setor de tecnologia da informação e comunicação.

Apesar do cenário de dificuldades e indefinições políticas e econômicas no país, Lacs destacou que o Rio de Janeiro apresenta vetores importantes como a Olimpíada, que ocorrerá na capital fluminense em 2016, e o setor de petróleo e gás. “Foi um ano bem movimentado. Por um lado, algumas coisas andaram, outras não andaram tanto. Mas sempre, para a informática, quando algumas coisas não andam, não quer dizer que não seja bom para as empresas”.

Lacs observou que a otimização depende sempre da tecnologia. Ele diz que os contratos são revistos, mas a oportunidade de inovação se faz mais presente ainda para otimizar e melhorar. “A gente vê processos sendo repensados e isso traz muita oportunidade para o nosso setor”.

O presidente do Sindicato das Empresas de Informática do Rio de Janeiro (TI Rio), Benito Paret, avaliou que o estado “não foi muito bem sucedido” em tecnologia da informação este ano. “Entre os estados do Sudeste, o Rio de Janeiro teve o desempenho pior”, apontou. A quebra da cadeia produtiva de petróleo e gás gerou um baque grande para muitas empresas. Outros setores da atividade econômica, porém, tiveram desempenho positivo.

“Não temos ainda uma crise no setor de tecnologia da informação e comunicação instalada no Rio de Janeiro”, assegurou Paret, embora a situação aponte para uma estagnação, principalmente nas empresas que estavam focadas na área de petróleo e gás, incluindo as áreas naval e de logística. As outras empresas “estão levando o barco”, disse o presidente do TI Rio. O ambiente de incerteza macro no país impede que o setor arrisque fazer projeções para o próximo ano.

Márcio Lacs reconheceu que para as grandes empresas, 2015 não foi um ano positivo, porque a maior contratante, que é a Petrobras, enfrentou sérias dificuldades. Já os programas destartups (empresas inovadoras de base tecnológica) se consolidaram no Rio de Janeiro. As médias empresas, que são empresas de escala, estão se beneficiando mais das oportunidades que aparecem, sinalizou o presidente da Assespro-RJ.

Perspectivas

Como o principal congresso mundial de tecnologia da informação e comunicação ocorrerá no Brasil, em outubro do próximo ano, o vice-presidente da Assespro Nacional, Gerino Xavier, analisou que isso trará muita visibilidade para o setor. “Algumas cadeias produtivas internacionais passam a enxergar o Brasil de forma diferente e nós apostamos que no cenário da internacionalização, teremos melhores indicadores”. No plano nacional, disse que ainda fica difícil fazer prognósticos. “A ordem do dia é cautela”, sinalizou.

Embora seja considerado o sétimo maior mercado de tecnologia do mundo, Gerino Xavier disse que o governo devia apoiar mais o setor, porque garante emprego de qualidade que gera riqueza para o país. Ele salientou que o Brasil ainda exporta pouco software (programa de computador). “E quando alguém compra software, está comprando inteligência. Inteligência é a melhor coisa para se produzir, porque nós qualificamos o nosso povo. Quando a gente compra inteligência, estamos penalizando nosso povo, nossos pesquisadores, nossos profissionais”.

Na avaliação de Gerino Xavier, o Brasil precisa ter políticas públicas que estimulem a criação de soluções de softwares nacionais para diversas áreas, como saúde e segurança, por exemplo. Falta uma política pública que aproxime a academia, o mercado fornecedor e o mercado comprador. “E o ator indutor de tudo isso é o governo”.

O presidente da Assespro-RJ, Márcio Lacs, concordou que apesar da crise, o cenário para 2016 é de expectativa otimista para o setor de tecnologia da informação e comunicação do Brasil. “Nós vamos trabalhar para que cada um encontre o seu espaço. A gente tem a sorte de trabalhar com algo que está vinculado à inovação, à otimização. Acho que vai ser um bom momento para a gente. Pelo menos, oportunidades vão existir”, concluiu.

Fonte: Correio do Estado

terça-feira, 22 de dezembro de 2015

A nossa imagem nas Redes Sociais

Muito se fala no poder de destruição e desconstrução da imagem de alguém nas redes sociais. Na
verdade, até antes, na Internet, a identidade de alguém poderia ser atingida e/ou arruinada por hackers e/ou pela própria mídia. Com a inserção das redes sociais, o uso para esses fins está ao acesso também dos usuários, que não precisam ser profissionais de tecnologia ou comunicação para expor alguém, ou a si próprio, seja para causar prejuízos ou benefícios.

Mas existe o outro lado da moeda: a capacidade de promoção ou autopromoção proporcionada pelas redes sociais. Esse é um exercício de observação e que conduz a uma experiência que permite associar a sedução da visibilidade às características comportamentais e psicossomáticas. Nas redes sociais, podemos criar um “avatar” de nós mesmos, um personagem, assumir outra personalidade, mudar ou criar outra face de identidade.

Magicamente todos somos lindos, respiramos generosidade, pregamos justiça, somos guardiões da moral, odiamos hipocrisia e afloramos nosso senso de cidadania ao extremos. Puro amor e lealdade. Repudiamos a corrupção, abolimos o preconceito e estampamos mensagens motivacionais e de autoestima. Exemplo de respeito ao próximo. Somos a caricatura da perfeição, do nosso melhor fomentado por curtidas e compartilhamentos.

Nos recriamos e temos vida própria nas redes sociais. Podemos usar as tecnologias a nosso favor, sendo nosso maior trunfo. Ou nossa maior cilada. E nessa hora, podemos notar que jornalismo e marketing são áreas que dialogam no cenário das redes sociais, esse resultado de tecnologias digitais, de relacionamento e de conteúdo. Espaço adequado e promissor para o marketing pessoal. Independente da categorização de Marketing, lembramos um dos conceitos do “pai” do Marketing, Phillip Kottler, “Marketing é o conjunto de atividades humanas que tem por objetivo facilitar e consumar relações de troca.”. Já Raimar Richer caracteriza Marketing como “as atividades sistemáticas de uma organização humana, voltada para a busca e realização de trocas com seu meio ambiente, visando benefícios específicos.”. Importante destacar que, no caso das redes sociais, os benefícios principais são o capital social e humano entendidos como investimento nas relações pessoais e profissionais.

 Produtores de conteúdo

 Na nossa página ou redes, somos (re)produtores de notícias e/ou fatos. Podemos fazer uma alusão à realidade do usuário de redes sociais ao trabalho dos jornalistas no que tange ao processo de busca e construção de notícias.  O internauta compartilha o conteúdo que considera importante conforme os próprios valores e que se afine com o seu senso de razão (nesse caso, diante da variedade de assuntos, atua como produtor selecionando temas para a pauta. A origem desse conteúdo, seja uma amostra do campo pessoal ou um link oriundo de outro portal, também é uma escolha estabelecida pelo proprietário da conta (no papel de editor classificando os temas e as abordagens, numa ação que remete a distribuição em editorias). Ao divulgar, opinião, imagens, links emite o conteúdo que gerou para a sua rede de conexões. Esse conceito de redes sociais permite compreender que cada conta ou página é uma mídia portadora de informações produzidas pelo dono/usuário/administrador. Nesse cenário, podemos relacionar a aplicação da Teoria do Gatekeeper, que pressupõe que as notícias são como são porque os jornalistas assim as determinam, ou seja, nas redes sociais as notícias ou conteúdos são como são porque o proprietário determinou, atuando como editor na definição e posterior apresentação da pauta.

É possível verificar a mudança do público, que migra de um comportamento passivo, que consumia mídias profissionais, para um comportamento ativo que, além de decidir o que quer, cria conteúdo através da sua percepção.

Outro fator que contribui para essa mudança de perfil é a inserção dos novos mecanismos digitais resultantes das conquistas tecnológicas, como por exemplo, o celular e sua evolução. Com a possibilidade de acessar à internet pelos dispositivos móveis, além dos recursos de foto e vídeo que permitem lançamento instantâneo nas redes sociais, muitas vezes o internauta acaba divulgando antes mesmo dos profissionais da mídia um fato de relevância social devido à capacitação tecnológica em equipamentos e sistemas. O cidadão, ao presenciar um fato, pode registrar por um dispositivo móvel e colocar na sua mídia, acaba informando antes da emissora de jornalismo que não estava no momento e que acaba utilizando imagens ou vídeos capturados pelo internauta. Esse é o um novo conceito da mobilidade que denomina o “consumidor sem limites”, onde ele pode acessar as redes sociais de qualquer lugar pelos dispositivos mobiles e ser um produtor de notícias ao captar em tempo real e compartilhar na rede.

No livro Redes Sociais na Internet, de Raquel Recuero, ela afirma que “ Como as redes sociais na Internet ampliaram as possibilidades de conexões, aumentaram também a capacidade de difusão de informações que esses grupos tinham. No espaço offline, uma notícia ou informação só se propaga na rede através das conversas entre as pessoas. Nas redes sociais online, essas informações são muito mais amplificadas, reverberadas, discutidas e repassadas.”, reforça o que foi dito acima sobre o novo lugar do consumidor a partir da instantaneidade das redes.

Dessa forma, constatamos o imediatismo do Marketing Digital que é praticado pelo consumidor sem uma noção clara de que ao compartilhar imagens, preferências e opiniões está transmitindo um conceito de si mesmo construído por ele. É o que fica claro na afirmação de Claudio Torres, no livro A Bíblia do Marketing Digital : “O Marketing Digital está se tornando cada dia mais importante para os negócios e para as empresas”. Não é uma questão de tecnologia, mas uma mudança no comportamento do consumidor, que está utilizando cada vez mais a Internet como meio de comunicação, relacionamento e entretenimento.”

Uma versão editada de nós mesmos

Templo de felicidade. Benevolência à flor da pele. Todos amam os  animais e são defensores da sustentabilidade.  Eventos badalados. Churrascos de picanha. Brindes ao amor. Temos e somos os melhores amigos. Beleza é requisito básico: se não a tenho, a combinação entre a maquiagem, o filtro e o ângulo vão colaborar.  Selfie em frente ao espelho com roupa colada para exibir o corpo que a sociedade venera. Selfie com gente para socializar, o verbo da moda. Selfie em lugares lindos, loucos, inusitados para passar versatilidade. Selfie para mostrar, dizer, transmitir, confundir, elucidar. Selfie para ostentar em várias óticas.

Minha rede, meu conteúdo, minha realidade. Coloco o que quero ser, como quero ser. Eu me crio, recrio, invento, reinvento. Sou o meu melhor. Meus pensamentos são divinos. Ser do bem é legal. Na minha solidão, me transmuto no personagem que julgo ser perfeito. Ou sou aquele com todas imperfeições que a realidade me obriga a guardar nos escombros do meu eu.

Engraçado e paranoico. Positivo e negativo. Verdadeiro e falso. Ilusão e realidade. Dois polos. Dois pesos. Duas medidas. A escolha de como decidimos nos revelar vai contribuir para selar a identidade online e transcender para a offline. Ou vice-versa.

Quantas vezes conhecemos as pessoas que tem uma personalidade e um jeito de ser e verificamos que nas redes se mostram com outro jeito de ser. E aí reside o problema: isso pode ser um aliado ou um tiro no pé, melhor, uma saraivada de tiros pelo corpo todo.

Eis que o Marketing Pessoal que queremos fazer ou fazemos involuntariamente pode nos destacar diante de um grupo, ou conhecidos, nos aferindo poder e reconhecimento dentro de um nicho ou conquistando o lugar de bestialidade humana sendo alvo de risos dos “amigos” do face. Sejam quais forem as intenções e os parâmetros de medida que consideramos importantes, sejam curtidas, compartilhamentos e comentários, alguém vai ser e dar audiência para a sua página, ou para a sua vida virtual.

Podemos alavancar nossa carreira e passar ilesos, não 100%, pois a unanimidade é rara raridade, ou afetar a nossa reputação e imagem por descuidos e excessos de exposição e intimidade que poderiam ser mais bem utilizados se ficassem restritos aos momentos reais e não compartilhados com o mundo. Logo, o que for ser inserido no contexto digital precisa ser pensado antes porque pode refletir negativamente na sua vida pessoal e/ou profissional. Eu não estou fazendo apologia inversa à liberdade de expressão, pois acredito que o espaço deve ser usado conforme o autor deseja, desde que não utilize para ofender, agredir ou promover ações prejudiciais para a sociedade, pois nestes casos já entra uma questão de lei. O cuidado é sempre importante nas relações que construímos, pois muitas vezes, somos os responsáveis pela forma como somos vistos e as consequências podem ser irremediáveis.

Taís Garcia Teixeira é jornalista, professora e mestre em Comunicação e Informação

quinta-feira, 17 de dezembro de 2015

Guerra nas estrelas – a ameaça dos apps

A internet está ensandecida desde o anúncio, feito na última quarta-feira, de que o WhatsApp seria suspenso em todo o Brasil por 48 horas, a partir da meia noite de quinta. Mais ainda a partir do momento em que de fato o aplicativo parou de funcionar. Nem mesmo a estreia do novo Star Wars parou os comentários dos brasileiros sobre a decisão judicial – alguns disseram inclusive que ela foi uma medida drástica para que ninguém soltasse “spoilers” a desavisados por meio do aplicativo de mensagens.

Entre tweets com piadas, postagens no Facebook, convites para usar outros apps (os servidores do Telegram ficaram sobrecarregados) e dicas de como burlar a suspensão por meio de conexões secretas e bloqueios de IP, a notícia foi muito debatida e criticada, principalmente por aqueles que acreditam ser um “atraso” o fato de as companhias de telecomunicações terem “conseguido” que o serviço fosse bloqueado para facilitar investigações de possíveis irregularidades – a batalha na justiça em si não é entre operadoras e app, mas sim entre investigações da própria justiça e a ferramenta. O próprio Mark Zuckerberg, CEO do Facebook, que agora é dono do app, disse que hoje é um “dia triste” para o país.

Uma das acusações é a de que, ao oferecer a possibilidade de enviar mensagens gratuitamente, o WhatsApp estaria prejudicando a geração de receita das grandes operadoras – e o bloqueio em si se deu porque o WhatsApp não teria atendido a uma determinação judicial de 23 de junho deste ano.

Paralelamente a isso, a briga do Uber com os taxistas já virou um assunto célebre, em que quase ninguém deixa de tomar um lado: alguns a favor da possibilidade de escolha; outros em defesa dos taxistas, classe que pode estar sofrendo com concorrência desleal; e até mesmo uma leva que acredita que não deve mais haver táxis: apenas o próprio Uber – seja porque o esquema das organizações de táxi pode ser cruel, e nesse sentido, há até quem diga que o Uber é socialista, ou porque simplesmente preferem o app.

Outra história semelhante – mas que já vem sendo desenhada há mais tempo – é a novela entre as operadoras de televisão e os serviços sob demanda como Netflix; que parece um desdobramento da batalha entre indústria audiovisual e os downloads ilegais – aliás, sites de downloads de torrents e o Popcorn Time foram alguns dos aniquilamentos ocorridos nos últimos tempos. Menção honrosa aqui às gravadoras de música que também precisam lidar com os mesmos downloads e com serviços como o Spotify. Nessa batalha, vemos emissoras como a HBO bloqueando conteúdos, respostas do Netflix ao criar conteúdos próprios, tentativas das próprias televisões de criar serviços “on demand”, entre outras idas e vindas.

Há quem diga, como o fundador da 500 Startups, que as startups vão acabar com as empresas tradicionais em pouco tempo – mais especificamente, cinco anos: “as pessoas que apostam em corporações acreditam que as operações delas continuarão crescendo daqui 10 anos, mas elas provavelmente serão engolidas em cinco”, afirmou em um evento no mês passado em São Paulo.

A grande vantagem das operadoras de telefonia móvel é que, por enquanto, o WhatsApp precisa da “permissão” delas para funcionar. O aplicativo, recentemente, passou a possuir uma nova forma de criptografar dados e ligações de usuários como medida de segurança; por isso o bloqueio foi possível.

Nas histórias paralelas: ainda que haja tentativas de regularizar o Uber, o aplicativo segue funcionando a plenos motores em todos os lugares em que teoricamente não poderia existir, por exemplo – e Netflix e Spotify não possuem nem brechas para irregularidades por enquanto.

Os números não mentem: no segundo trimestre de 2015, os lucros das três principais operadoras brasileiras caíram significativamente ante o mesmo período de 2014. O caso mais assombroso é o da Claro!, que despencou nada menos que 99% na comparação. O da Vivo caiu 56,4% e o da TIM, 21%. Para tentar lidar com isso, as operadoras têm entrado no campo de batalha com aplicativos próprios de mensagens, além de planos com condições especiais – inclusive a possibilidade de usar o WhatsApp depois que acaba o pacote de dados contratado.

Segurança e o consumidor

A priori, a possibilidade da coexistência parece ser a mais interessante ao consumidor, já que a concorrência teoricamente diminui preços e melhora os serviços. Estar “nas mãos” das decisões das empresas sempre parece um pouco perturbador: o Uber, por exemplo, passou a adotar uma medida chamada “tarifa dinâmica”, na qual os preços variam de acordo com a demanda e é dado um aviso quando o usuário tenta chamar o motorista. Se existisse apenas o Uber, essas cobranças maiores poderiam se tornar abusivas – ainda que a companhia garanta que seus preços são menores até do que os gastos de se ter um carro próprio.

Outra questão que não deve ser deixada de lado é a da segurança: não é de hoje que os usuários de internet se preocupam com o fato de as empresas terem acesso a tantos dados pessoais – inclusive as conversas com amigos. É emblemático, aliás, que Marck Zuckerberg tenha se pronunciado a respeito do bloqueio no Brasil: o Facebook é o segundo aplicativo mais usado no país. É provável que, juntos, os dois tenham acesso a praticamente 100% dos dados pessoais de todos os usuários de internet do país. Os que não estão com o Facebook, estão com o Google.

E é por isso que leis específicas para o uso desses dados eletrônicos sejam aplicadas com seriedade: mais do que tentar impedir os avanços tecnológicos, o que parece impossível, é essencial ao consumidor que eles sejam regulamentados de maneira a criminalizar o mau uso de certas informações. Nesse sentido, o Marco Civil da Internet brasileiro, sancionado em abril de 2014, é pioneiro, mas deve ser constantemente melhorado e atualizado. Sobre o Marco, o advogado Marcos da Costa afirma, em texto no site Consultor Jurídico, que “a segurança jurídica que o Marco Civil deve contribuir para minorar práticas nefastas que hoje afetam cidadãos, empresas e governos”.

A ONU também tem feito sua parte, com a criação, em março deste ano, do mandato de um relator especial sobre o direito à privacidade na era digital. Segundo o órgão, o direito à privacidade garante que “ninguém será sujeito a interferências arbitrárias ou ilegais em sua privacidade, família, lar ou correspondência, bem como o direito à proteção da lei contra tais interferências, conforme estabelecido no artigo 12 da Declaração Universal dos Direitos Humanos e no artigo 17 do Pacto Internacional sobre os Direitos Civis e Políticos”. Frente a esta resolução estavam Brasil e Alemanha.

Mas a questão principal que surge dessa batalha é que as companhias parecem não saber qual estratégia vão adotar. A medida tomada na quarta-feira pareceu um ato desesperado de batalhar contra uma movimentação que, até agora, tem tudo para ser o caminho natural – novas tecnologias surgem e o mercado deve se adaptar, ou coexistir. O serviço do WhatsApp, do Facebook Messenger e até mesmo do Skype ainda não é o mesmo oferecido pelas operadoras. E a história até agora nos mostrou que serviços (não plataformas, não tecnologias) diferentes, ainda que concorram, podem ser usados concomitantemente: o CD pode até ter “matado” o cassete, mas a televisão não matou o cinema, que não matou o rádio. Talvez o segredo esteja em usar uma máxima da internet: companhias gigantes, “aceitem que dói menos”, nenhum império dura para sempre – aliás, e o novo Star Wars?

Publicado originalmente no site startse.infomoney.com.br

terça-feira, 15 de dezembro de 2015

Latino-americano deve gastar em média R$ 815 com presentes de Natal em 2015

Entre os dias 8 e 12 de novembro, o Groupon realizou uma pesquisa com 6.800 pessoas dentro de sua base de usuários, na Argentina, no Brasil, no Chile, na Colômbia e no México, com o intuito de compreender quais são as expectativas para o próximo Natal e os gostos dos latino-americanos quando o assunto é dar e receber presentes.

“No Brasil e na América Latina, o e-commerce vem crescendo como uma alternativa de compras, especialmente em datas movimentadas, já que o usuário pode comprar online com facilidade evitando filas e deslocamentos. Por isso, com esse estudo, nosso objetivo foi entender um pouco mais sobre o hábito de presentear em toda a região para oferecer promoções assertivas para nossos usuários”, explicou João Pedro Serra, vice-presidente do Groupon no Brasil.

Em média, o latino-americano deve gastar R$ 815* em presentes neste natal e dar cerca de dez presentes. Para 60% dos entrevistados, o presente mais desejado é uma viagem - um final de semana em um hotel bacana - seguido por roupas (45%) e uma experiência diferenciada com amigos e/ou familiares (41%). Os presentes mais marcantes são aqueles em que o presenteado ganhou exatamente aquilo que queria, para 75%; mas, por outro lado, 85% dos entrevistados afirmam que não compartilham nenhuma lista com o que gostariam de ganhar. Os presentes tidos como os mais memoráveis são aqueles dados pelo parceiro(a), com 85% dos votos.

Os brasileiros pretendem gastar em média R$ 58 em cada presente e, no total, planejam desembolsar algo em torno de R$ 462, comprando cerca de oito presentes neste Natal. No Brasil, assim com nos outros países pesquisados, um Natal perfeito é composto por atividades familiares, para 75% do total de entrevistados, e também por uma grande ceia, afirmam 72% das pessoas que participaram do estudo.

* A pesquisa completa conduzida pelo Groupon envolveu 19.262 pessoas em 16 países, realizada entre os dias 8 e 12 de novembro. Para fins de comparação, foram utilizados aqui apenas dados referentes à América Latina. No Brasil, a amostra compreendeu 1.025 pessoas, com idade entre 18 e 65 anos. 

** Cotação do dia 17/11. US$ 214 e US$ 22. 

Sobre o Groupon:

Groupon é líder global em comércio local e o primeiro lugar onde o consumidor procura quando quer comprar qualquer coisa, a qualquer hora e em qualquer lugar. Com escala global, o Groupon consegue oferecer aos consumidores um vasto marketplace de ofertas imbatíveis em todo o mundo. Nele, os consumidores descobrem tanto pela web como pelo celular o melhor que sua cidade tem a oferecer, desfrutam de ótimas opções de férias com Groupon Viagens e encontram uma seleção de ofertas de qualidade relacionadas à moda, artigos de decoração e muito mais com o Groupon Shopping. O Groupon está reinventado o modo como pequenas empresas atraem, retêm e interagem com seus clientes, fornecendo um pacote de produtos e serviços digitais que incluem campanhas de negócio personalizadas, opções de pagamentos com cartão de crédito e débito e soluções de ponto de venda que ajudam empresas a crescer e operar de forma mais eficaz. Para saber mais, visite www.groupon.com.br. 

quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

Confiança dos empresários do comércio gaúcho completa 11 meses consecutivos em queda

Com queda de 27,8% em novembro, a confiança dos empresários do comércio gaúcho encerrou
novembro em campo pessimista e alcançou o 11º recuo consecutivo. Aos 76,2 pontos, e em queda generalizada, o resultado  indica um agravamento das percepções do empresariado do setor em relação à economia brasileira como um todo. Os dados são da pesquisa Índice de Confiança do Empresário do Comércio do Rio Grande do Sul (ICEC-RS), realizada pela Fecomércio-RS e divulgada nesta quinta-feira (3).

A redução da confiança está disseminada em todos os componentes que formam a pesquisa. Os fatores determinantes para o comportamento  do indicador são os mesmos observados ao longo dos últimos meses: inflação alta, aumento dos juros, atividade econômica em queda, resultados negativos das contas públicas e forte depreciação cambial.

O presidente da Fecomércio-RS, Luiz Carlos Bohn, destaca, no entanto, um aspecto interessante da pesquisa de novembro. Segundo ele, apesar do crescimento do pessimismo no ambiente empresarial, as expectativas em relação ao futuro resistem no campo positivo. “A expectativa positiva quanto ao futuro está basicamente associada ao desempenho da empresa. O empresariado está entendendo que a economia não vai ajudar ninguém a crescer: agora, mais do que nunca, o esforço de cada empresa é que vai fazer a diferença”, explica Bohn. O indicador de expectativas dos empresários em relação ao futuro (IEEC), está em patamar otimista, aos 107,6 pontos, mas caiu 21,2% em relação ao mesmo mês do ano passado

O dirigente destaca que, assim como no mês passado, a melhora no indicador que mede a adequação do nível de estoques é também um sinal positivo do ICEC de novembro, tendo em vista o cenário de juros elevados que tornam o acúmulo de mercadorias mais caro para as empresas.

Os dados de novembro sobre as condições atuais (ICAEC) que refletem a percepção do empresário quanto ao momento econômico presente, ao setor e à própria empresa atingiram 37,9 pontos, queda de 48,8% na comparação com o mesmo período de 2014.   O componente referente à economia brasileira, atingiu 17,9 pontos, e registrou queda de 68,2% em relação ao mesmo mês do ano passado. Os outros componentes desse mesmo indicador – percepção quanto ao comércio e à própria empresa – apresentaram quedas intensas em relação a novembro/2014, com recuo de 49,8% e de 36,2%, respectivamente.

No que se refere aos investimentos do empresário do comércio (IIEC), houve redução de 21,5% na comparação com novembro do ano passado, com o indicador aos 83,0 pontos. Segundo o presidente da Fecomércio-RS, foram determinantes para esse comportamento negativo as reduções das perspectivas de contratação de funcionários (-33,3%) e de realização de investimentos (-30,0%), que permanecem em nível pessimista desde agosto de 2014.

- Veja os resultados completos em http://links.fecomercio-rs.org.br/ascom/analiseICECnov15.pdf